Canto de Amor nº XVI
Lílian Maial
Que o mundo saiba que tu és o meu amado,
Que teus são os meus pensamentos e prazeres,
Que nossos são os jardins de rosas e lírios!
Ó, amado! Escolhido e iluminado!
Homem a quem os deuses invejam a formosura e a força!
Meu amado é um mar: me invade em ondas,
leva para as profundezas todas as dores
E traz á tona as conchas do meu amor.
Criatura nascida de campos floridos,
onde pequenos esquilos e coelhos se escondem na folhagem!
O que me cerca de mimos e iguarias,
O que me chama para o leito de relva e almíscar,
Para que a noite seja suave e perfumada, como seus cabelos de sândalo.
Ó, amado!O que tem mãos apascentar os rebanhos dos meus anseios,
de agitar o mar de meu ventre!
Aquele dos braços de ciprestes, pernas de cedro do Líbano,
rosto formoso, qual macieira, num bosque harmonioso num dia de sol!
Deita-me em tua sombra!
Dá-me de provar teu fruto!
Eu, tua prometida dentre todas as filhas do amor!
A das palavras aladas, a que recebeu a visitação divina,
A que vislumbrou a perdição e o Parnaso em teus olhos.
Vem, amado, e dorme em meu colo, que adormeço a teu lado,
Mesmo que meu coração não repouse.
E que nenhum som ouse perturbar-te!
Nem o vento, nem o simples cair das folhas dos galhos!
Silêncio! Silêncio, que meu amor dorme em paz!
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