MARTELO AGALOPADO: O AMOR É PÓ, É SÓ OURO DE TOLO...
O AMOR É PÓ, É SÓ OURO DE TOLO,
BRILHA E NÃO PASSA NA MINHA PENEIRA.
®Lílian Maial
Por toda a vida busquei a riqueza,
Cavei crateras, nas minas vivi,
Mas o diacho de pedra eu não vi,
Essa que tanto se canta a beleza,
Eu procurei tanto na natureza,
Cheguei até a sentir tremedeira,
Achei que é lenda, era de brincadeira,
Mas a verdade serviu de consolo:
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
Era menina e sonhava acordada,
Com meu castelo encantado e feliz.
Não tinha bruxa, só fada aprendiz,
Tinha varinha e poeira dourada,
Que me faziam - a sua afilhada –
Uma princesa real verdadeira,
Pra ser rainha, com um rei de primeira,
Só que esse rei tinha mais do que um rolo:
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
Já crescidinha gostei de gostar,
Me apaixonei por um certo galã,
Era bonito e era cheio de fã,
Não tinha esforço nenhum lhe amar.
O triste moço chegou a pensar,
Que essa mocinha de estampa faceira,
Esperaria esse amor de bobeira,
Sem degustar da fatia do bolo:
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
Quando passei a tomar minha rédea,
Foi mais difícil de achar um parceiro,
Eu tinha um gênio ruim zombeteiro,
Não aceitava estar dentro da média,
Queria mais que terror ou comédia,
talvez um desses de ação rotineira,
ganhar um Oscar do Antônio Bandeiras...
Porém meu filme não foi um estouro:
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
Já mais madura não quis sucumbir,
Nem me envolver de verdade outra vez.
Brinquei de homem, quanta estupidez!
Pois a mulher não consegue fingir,
Nem ter prazer só em usufruir,
Ela só quer ser pra sempre a primeira,
Não quer comer, quer ser a cozinheira,
Deixar seu homem mais forte que um touro.
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
Então, mulheres, me escutem atentas,
Pra não correrem esse risco à toa:
A vida é rica, é pepita das boas,
Pra quem nasceu com cabelo nas ventas.
Mas se a batéia tá cheia de emenda,
Não percam tempo em paixão garimpeira,
Que vai nas águas do amor corredeira,
Deixando a falsa impressão de tesouro:
O amor é pó, é só ouro de tolo,
Brilha e não passa na minha peneira.
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 21/11/2005
Alterado em 22/11/2005