DIA DOS MORTOS
Lílian Maial
meus mortos são como eu
não têm dia ou hora marcada
vivem cada dia morto
morrem de tédio ao amanhecer
a luz escapa dos olhos
vazios ninhos de passarinho
o outro lado é cego
nada se espera só se espera
fenecem as lembranças
meus mortos não gostam dos vivos diferentes
morto é tudo igual tudo morto
não importa o nome ou a cor
tudo fede depois de algumas horas
entre perfumes e maquiagem
eu já morri faz tempo