VERSO ENCABULADO
®Lílian Maial
O verso pode ter-se encabulado,
na voz ou na garganta, preso ao céu
da boca, que o retém amargurado
nos dentes, qual grilhões ao verbo incréu.
Se o teu poema chora, mutilado,
o pranto que a tristeza fez heréu,
não digas que o destino está selado,
pois sabes que ele é brasa ao fogaréu!
A luz do verso é tanta, que ele explode,
em rimas ricas, como um salmo enode,
que amarra um ramo de sutil saudade.
Debalde o tempo afia a sua foice,
A poesia espanca feito coice,
E este soneto nasce em liberdade!
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*inspirado no poema VERSO DE FINAL DE TARDE, de Fernando Cunha Lima