MARIA
Lilian Maial
Não me chamo Maria,
mas gerei o escolhido,
pois que todos os filhos são escolhidos,
com o peso da salvação sobre seus ombros.
Não me chamo Maria,
mas senti a impotência da mãe,
que vê seu filho sangrar,
sem conseguir estancar.
Não me chamo Maria,
mas carrego a cruz do amor indizível,
a dor do peito pleno de maternidade e morte,
do jogo de gozo e lágrimas do caminho.
Não me chamo Maria,
mas sei da crucificação em via pública,
da lança perfurando o futuro,
do manto do desespero a cobrir as chagas.
Não me chamo Maria,
mas vejo a última expiração do meu filho,
de todos os filhos,
dos escolhidos e esquecidos,
dos que nasceram puros e amaldiçoados,
marcados pelo o fio da lâmina.
Não me chamo Maria,
mas sou maria.
Sou todas as marias que velam seus frutos.
As que ficaram.
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