APENAS UM POEMA - soneto
APENAS UM POEMA
Lilian Maial
Enquanto a noite em mim cavava
crateras, nos olhos submersos,
nenhuma vã gota rolava
nas linhas do dia que eu meço.
Na cama do tempo, eu deitada,
em dúbias linguagens, tu imerso;
sou fera, que em mudez urrava,
és poeta, nas rimas disperso.
Pois amo-te assim, como amava,
por este amor-luz me entregava.
Embora esquecendo o que peço,
Tu fazes amor com as palavras,
te deitas com as letras molhadas,
enquanto te enxugo, eu, teu verso.
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 06/11/2005
Alterado em 14/04/2006