PAZES
Lílian Maial
Que venha o vento, o sol, a tempestade,
venha esse amor, de morte, ou de mentira,
que eu alço um vôo só pela metade
e a outra metade aguardo em tua mira.
Que essa distância encurte a nossa dor,
mesmo abatida, a ave não se entrega,
rezar, não rezo, expio o teu rancor,
meu paraíso é a chaga que te alberga.
Se de meu corpo, inerte, a tua sorte
faz renascer, qual fênix, da morte,
fragilizada chama da paixão,
deito-me rija, marmórea, empalhada,
pequena pedra, de vida entalhada,
sobrevivente do teu coração.
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 02/05/2007