CARNAVALEANDO
®Lílian Maial
A manhã veio avisar:
era preciso carnavalear,
beber lembrança em quarto de lua,
exibir o corpo perdido em serpentina,
colar a fantasia.
Uma ala inteira de andorinhas,
sobre o dorso de pétalas folionas,
ensaiava um enredo conhecido.
Não importava se havia chuva ou sol,
tudo era tempo.
Todos os passados de aflorar os ritmos,
compassos de espera, bumbos e tamborins.
Desfilam segredos e orixás,
Colombinas em trajes de Vênus,
palhaços de lágrimas e guizos.
Homens de bem e de mal,
rostos pintados, risos excessivos,
necessários delírios.
Passa a vida, passa a escola.
Ao final, rasgos de paetês, confetes molhadas pelo chão,
um gosto de cinzas na boca da noite.
As aves observam, no topo da alegoria,
um Pierrô apaixonado, atravessado na avenida.
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