SEDIMENTO
® Lílian Maial
Recolho os seixos lisos desse rio,
Qual lágrimas, são contas de um rosário.
Margeio a lua, refletindo o estio,
Conduzo estrelas frias p’ro estuário.
Rabiscos, risco ao léu! Meu desafio
Consiste em dar teu nome a esse cenário.
A noite enfeita, em mim, o olhar sombrio,
Revela a dor exposta em antiquário.
Saudade é conterrânea do meu peito,
Traduz em pedra a falta do teu toque,
E deixa esse vazio a soçobrar.
Afundo nessas águas como um leito,
Arrasto essas lembranças a reboque,
Permito à solidão sedimentar.
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 08/02/2007