Pelo Dia da Poesia: A CONCUBINA
A CONCUBINA
Lílian Maial
Roída em desespero e amargura,
mandei-te a poesia inda menina,
envolta em vãos disfarces de candura,
no intuito de fazê-la concubina.
P'ra ela entregarás todo o fervor,
enquanto assim me lês do início ao fim.
E aqui, eu me contorço em teu calor,
que brota ao folheares só a mim.
A ela alisarás - dedos macios,
carinhos pelas folhas de leitura.
E eu aqui, entregue aos desvarios,
deduzo tuas mãos em mil loucuras.
A ela ensinarás os teus mistérios,
ao passo que me deixo aos teus comandos.
Enquanto alisas páginas de tédios,
meu coração me diz que estou te amando.
E assim pude prever os movimentos,
teus medos, pensamentos, teus enfoques.
Descuido de anotar que os sentimentos
Já tinham o endereço no envelope.
E então te apaixonaste pelo inscrito
nas folhas, sem saber do coração.
E aqui, eu sofro muda, em ar contrito
sem ter como dizer dessa paixão.
E desse jeito eu fiz a concubina,
dublê na poesia desse amor,
e soube, enfim e pude ver ainda
teu coração cativo deste autor.
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Lílian Maial
Enviado por Lílian Maial em 14/03/2006