Lílian Maial

Basta existir para ser completo - Fernando Pessoa

Meu Diário
27/03/2007 19h12
EU SOU MARGINAL!
®Lílian Maial


Acabei de fazer uma descoberta avassaladora: eu sou marginal!

As pessoas perderam o hábito de verificar os significados das palavras, deixando apenas um único signo para definir cada uma delas. A leitura dos dicionários é salutar, até mesmo para não gerar mal-entendidos.

Marginal, por definição, é aquilo ou aquele que fica à margem, que está de fora, que não faz parte, que não pertence a um determinado grupo. Como margem de rio, que não está na correnteza.

De maneira geral, a sociedade entende o marginal como bandido. É certo que o bandido é marginal, uma vez que está de fora do seleto grupo de pessoas de bem, muito embora atualmente fique difícil saber quem é de bem só pelo nome, pela cara, pelas roupas, pela lábia, pelo poder aquisitivo... Como também fica difícil reconhecer quem não é de bem. Aliás, os valores enlouqueceram tanto, que eu realmente me sinto de fora desse grupo social que domina a massa, daí eu ser e me sentir verdadeiramente marginal.

O curioso da questão é que, hoje em dia, o marginal verdadeiro - o que fica à margem - é justamente quem é de bem, quem tem princípios sólidos, quem não se vende, quem não aceita baixar o seu nível em troca de qualquer coisa que seja. São os “tolos”, os “otários”, os “idealistas”. Se assim for, sou marginal, e com muito orgulho!

Um dos líderes do “movimento marginal” de Curitiba, Muller Barone, dono do sítio na Internet “Palanque Marginal”, é uma pessoa simples em sua complexidade cósmica, dona de uma insensatez lúcida, amante das letras, da música, da natureza, do esoterismo e da meditação, ao mesmo tempo em que arrecada fundos para ações beneficentes em sua cidade, torna-se amigo de ex-esposas e ex-namoradas, é um pai que dá conselhos pra lá de modernos à filha adolescente, pessoa, enfim, absolutamente do bem e, por isso, marginal! E foi essa pessoa que me disse, com todas as letras, que Lílian Maial é marginal.

E adorei! Não pela rima, que é pobre (hehehe), mas pelo sentido generoso embutido na palavra e na intenção. Pela definição e pelas circunstâncias, ser marginal, hoje em dia, é ser legal, e legal no sentido mais jurídico da palavra, além do sentido positivo que ela carrega.

Já subi no “Palanque Marginal” e soltei o verbo. Lá eu grito, choro, agito, reivindico, reflito, conflito, aflito, faniquito! Não suporto ser normal! No meu desajuste emocional, social, têmporo-espacial, nada melhor que ser marginal!

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Publicado por Lílian Maial em 27/03/2007 às 19h12



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