DIA INTERNACIONAL DA MULHER
por Lílian Maial
O Dia Internacional da Mulher não foi criado especificamente para aplausos, charminho, ou vivas às mulheres por sua beleza, elegância e que tais. Claro que tudo isso é bem-vindo, porém, apenas como um gesto de gentileza, e tanto da parte de homens, quanto de mulheres.
Esse dia, na verdade, foi escolhido para lembrar a tortura e morte de dezenas de mulheres, trancafiadas numa fábrica e queimadas vivas, pela ousadia de fazerem greve, de exercerem um direito de cidadã, um direito humano. Um dia para mostrar a pequenez do ser humano, sua vulnerabilidade e arrogância.
Hoje, mais de um século depois, pergunto-me se há algum orgulho de se dizer e se sentir humano. Não conheço outra espécie no mundo que maltrate seus iguais, que mate por diversão ou simples descaso, que invada o espaço do outro, destrua, tome e escravize. Não conheço outra espécie que subjugue o irmão, apenas por ele ser diferente.
Em todo o reino animal, macho e fêmea têm seus papéis bem definidos, de igual importância, um não conseguindo sobreviver, existir, procriar e perpetuar a espécie sem o outro. Não há disputa, não há subjugação, não há violência. É tudo natural.
A raça humana é dotada de raciocínio, inteligência, sensibilidade, capacidade de expressão artística, capacidade de desenvolvimento, mas o que se vê é uma eterna luta, disputa, necessidade de conquista, subjugação e poder. Um quer ter mais que o outro, não se contentando com a satisfação de suas necessidades básicas. Foram-se criando normas, regras sociais, leis e, por conseguinte, fiscais, fiscais dos fiscais e fiscais dos fiscais de fiscais. Com tudo isso, instituiu-se a corrupção, os desvios de caráter, dogmas e axiomas. E nós, embasbacados, embarcando nessa torrente de sandices, quando tudo o que queríamos era crescer, procriar e sintonizar com a natureza.
Não há muito que se comemorar, nessa data, uma vez que pouco mudou, de lá para cá, na essência do ser humano. Homens e mulheres ainda não acordaram para a realidade do que é viver. Muitos ainda se enganam com eternidade, justiça e sucesso. Outros se voltam para seu umbigo e tentam se proteger, passar despercebidos. Alguns simplesmente não se importam.
Então, resta a nós comemorar, sim, o Dia Internacional da Mulher e, com isso, manter a memória de tantas e tantos que já se sacrificaram pelo todo. Quantos ainda hoje morrem queimados, trancafiados no ego dos que se dizem humanos e se julgam acima do bem e do mal?
Tanto faz se você é macho ou fêmea, a espécie humana só subsiste por haver, em igual teor genético, homens e mulheres, de preferência com amor e respeito mútuo.
Não vamos nos esquecer das mulheres de Nova Iorque, de 1857, as 130 tecelãs que não suportaram mais a desigualdade e injustiça. As porta-vozes de todos os seres humanos brutalizados pelos irmãos humanos.
Vamos, mulheres e homens, dizer não à violência, qualquer que seja a instância. Não vamos mais aceitar a submissão a desigualdades, a intimidação em virtude de sexo, crença ou opção de vida. Vamos aplaudir as mulheres, que se uniram para exigir um tratamento digno, e os homens, que os adotam.
Feliz Dia Internacional da Mulher a todos os homens e mulheres de bem!
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