06/01/2007 11h53
Onde há fumaça há fogo?
Governo estadual novo, tem mais é que mostrar a que veio logo no primeiro dia. Então vemos, logo na posse, o governador Sérgio Cabral demonstrando força contra a bandidagem, providenciando a transferência de presos da penitenciária de Bangu I - suspeitos de terem coordenado os ataques terroristas iniciados em 28 de dezembro no Rio de Janeiro - para a penitenciária de Catanduvas, região oeste do Paraná.
Os 12 presos de duas facções criminosas chegaram no início da noite de ontem, sexta-feira, dia 05, à penitenciária federal de segurança máxima de Catanduvas.
A operação mobilizou um forte aparato de segurança, com agentes da Polícia Rodoviária Federal, do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e da Polícia Federal. De Cascavel, os criminosos foram escoltados por viaturas policias até o presídio federal, por cerca de 50 quilômetros.
Essa transferência já vinha sendo negociada pelo governador antes mesmo da posse. O homem chama a Força Nacional, toma suas providências, transfere os facínoras, mas será que vai conseguir sufocar o terror?
Existe uma coisa odiosa, chamado BOATO, que costuma andar junto ao terrorismo (e não deixa de ser outro tipo dele), e que corre destruindo tudo, feito napalm no mato.
Ontem mesmo, sexta-feira, recebi o telefonema assustado de uma amiga, perguntando se eu sabia alguma coisa sobre ataques múltiplos no Rio, em represália à transferência dos tais presos para o Paraná. Ela estava angustiada, pois o filho havia saído com amigos, de ônibus.
Realmente não sabia de nada, mas ela me informou que havia recebido essa informação de uma tia, que havia ouvido de uma vizinha, que recebera de uma parenta, que foi aconselhada por colega de trabalho, enfim, uma rede de condução imediata, mais poderosa que muito jornal sensacionalista.
Mas até que ponto é boato?
Dizem que onde há fumaça, há fogo.
E quem teria ateado fogo aqui? Algum engraçadinho, querendo aparecer? Alguém que tenha ligado A com B e presumido C e, não se contendo com o achado, tenha resolvido mostrar o quanto é esperto, difundindo a idéia?
Ou realmente alguém soube de algo tramado por trás dos bastidores e deixou vazar a informação?
Fumaça... Fogo... Incêndio... Palavras comuns em outras épocas, mas duras, sofridas e apavorantes nos nossos dias cariocas.
Os presos transferidos devem ficar isolados em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no presídio paranaense, onde só têm direito a duas horas para banho de sol, não podem receber visitas e nem ter acesso a jornais ou revistas na cela, que é individual.
Com a transferência, a penitenciária federal de Catanduvas soma agora 126 presos (a capacidade é de 208). Inaugurada em 23 de junho, a unidade foi construída à prova de fugas. São 250 agentes penitenciários que fazem a segurança interna e externa.
De lá, em princípio, eles não podem comandar mais nada. Mas... E seus comparsas, seus herdeiros? E os novos líderes que sempre lucram com a saída dos chefões?
Espero que nosso governador não tenha a ilusão de ter resolvido a questão com a simples transferência dos "mandantes".
Foi medida heróica, tipo "cortar cabeças", porém não é, nem de longe, a solução para a violência crescente, que vem se instalando em nosso país, e que não é restrita, como muitos pensam, às grandes cidades.
Precisamos combater diuturnamente todo e qualquer tipo de ilicitude, desmando e terrorismo.
Somos um país pacífico, que vive muito também do turismo, e não podemos deixar a segurança interna e a imagem externa serem manchados pelos (des)caminhos da violência e do poder pela força e pelo terror.
Se onde há fumaça, há fogo, que espalhemos então (e juntos) a fumaça da vigilância, do alerta e da cobrança daqueles que elegemos para garantir nossa segurança e bem estar social.
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Publicado por Lílian Maial em 06/01/2007 às 11h53