25/12/2006 17h10
O Seqüestro Relâmpago de Papai Noel
E aí, como foi seu Natal?
Alegria, festa, família reunida, mesa farta, troca de presentes, crianças com tendências estrábicas (um olho grudados na janela, outro na árvore), bebida, discurso... muito bom, né?
Dia seguinte de casa bagunçada, com cheiro de comida típica, papéis de embrulho de presentes pelo chão, misturados a farelos de comida e respingos de bebida... faz parte!
E a preguiça de arrumar tudo de novo?
Mas o corpo vai voltando ao normal e a fome avisa que logo, logo tem mais.
Mas nessa noite, em especial, houve um fato que me chamou a atenção: no apartamento em frente ao meu, mora uma família que todo ano recebe os parentes, e lá vem sempre um Papai Noel, que chega por volta da meia-noite, com o tradicional saco abarrotado de presentes e aquele passinho de Papai Noel velhinho e gorducho, com um sorriso entre formal e aconchegante, e o já tradicional cumprimento (Ho! Ho! Ho!).
Esse ano ele voltou do mesmo jeito, só que escapou a todos um pequeno detalhe: as crianças crescem de um ano para o outro, e ficam mais espertas e ligadas no mundo que as cerca.
Assim, ao se despedir, Papai Noel não percebeu que um dos meninos ficou impressionado e curioso de tudo a respeito dele, como as vestes, de onde vinham tantos presentes e o lidar com o tempo daquele velhinho quase inválido. Como poderia visitar todas as crianças do mundo em alguns miunutos, se mal podia andar naquele apartamento?
Desse modo, Papai Noel desceu pelo elevador (não havia chaminés), e ninguém atinou que o menino foi para a janela e viu Papai Noel sair pela rua.
Em seguida, um carro se aproximou do "bom velhinho" e este entrou no banco de trás. O menino arregalou os olhos, em pânico, e gritou tão alto que toda a rua ouviu:
- "Olha lá, o Papai Noel está tendo um seqüestro relâmpago! Seqüestraram Papai Noel!"
Imediatamente fez-se silêncio na rua, e todos olharam o carro se distanciando, para o horror daquele garotinho.
Não sei bem o que disseram para ele, pois fecharam as janelas por causa do ar refrigerado, mas a situação me fez refletir no que se passa na cabecinha de crianças que convivem num misto de realidade e fantasia, e até que ponto a realidade deveria ser um pouquinho maquiada, ou a fantasia ser um tiquinho menos surreal.
O que sei é que o menino passou por momentos de angústia, por ver seu querido ídolo - a figura da bondade e altruísmo - sofrer uma violência urbana, sem que um adulto sequer interviesse em seu favor.
A decepção e o pavor estavam estampados naqueles olhinhos aflitos, e meu coração se apertou por não poder explicar a invulnerabilidade de Papai Noel diante de qualquer dano ou ameaça, assim como a do bem que ocupa o coração dos homens que não se deixam dominar pelo caminho da escuridão.
Naquele instante, o menino precisava da certeza e da segurança de que nada poderia atingir Papai Noel, assim como nada pode derrubar as convicções dos caminhos do amor.
Talvez bastasse um abraço, ou apenas a confirmação de que tudo estava bem.
Assim, ele precisava entender que não haveria pedidos de resgate, ou orelhas enviadas por SEDEX, muito menos fotos de renas amordaçadas, nem tampouco a notícia de que os próprios duendes - ajudantes do Papai Noel - haviam armado o seqüestro do "Bom Velhinho".
Crianças do mundo, acalmai-vos! Nada pode destruir Papai Noel! Nada pode abalar a fé no bem e no amor!
Ele está mais vivo que nunca e passa bem, e no próximo Natal virá mais forte, mais atlético e mais generoso, conferir a esperança daqueles que acreditam nele e no que ele representa.
FELIZ NATAL!
Publicado por Lílian Maial em 25/12/2006 às 17h10