FIAMMETTA
®Lílian Maial
Tive a sorte de poder ir a mais um encontro da turma da faculdade, mais um almoço em que o prato principal foi alegria.
Desta vez, o local escolhido foi o Restaurante Fiammetta, na Barra, onde pudemos conhecer o significado do nome: pequena chama (fiamma = chama).
Na verdade, a história de Fiammetta (alcunha de Maria d’Aquino, musa e amada de Boccaccio) está explicada no próprio restaurante, que afirma que ela é símbolo de tudo o que mais se gosta. Mulher de múltiplos dotes, ela seria chama, fogo e paixão.
Segundo consta, Giovanni Boccaccio (1313-1375), autor e poeta italiano, trancou-a numa Villa da Toscana junto com três cavalheiros e outras cinco damas, e que ali eles teriam passado dez noites e dez dias contando histórias e vivendo as aventuras do clássico Decamerão.
Ainda de acordo com os dados obtidos, a Fiammetta seria a do tipo que saboreia a astúcia do espírito e os prazeres da carne. Mistura de volúpia no corpo e a sedução na alma.
Não sei. O que entendo é que o tempero desse encontro variou entre a chama da amizade, o apelo da lembrança e o prazer da companhia de cúmplices de molecagens adolescentes.
O fogo que iluminou os rostos vinha não se sabe bem de onde, mas certamente acendeu os sorrisos, as brincadeiras, as traquinagens, como também aqueceu os momentos mais introspectivos e emocionantes dos eternos reencontros com os novos membros arrebanhados.
Cada pedacinho de comida saboreado excitava o paladar, porém não mais do que as histórias de vida dos colegas que não víamos já por tantos anos.
Bebemos palavras, degustamos olhares, engolimos algumas lágrimas de emoção, e saímos de lá parcialmente saciados, com a certeza de que novos encontros se darão, com o comparecimento de número cada vez maior de “irmãos”.
Houve comemoração de aniversários do mês, fotos coletivas e a participação de familiares não menos animados de alguns colegas.
Como pode uma salada ser tão saudável, a ponto de se tornar o “prato principal” das conversas, notadamente dos defensores ferrenhos dos animais de teste? Como um prato de massa consegue aglutinar molhos com pequenas surpresas e esperança? E as frutas, como é possível que se tornassem tão perfumadas e espantosamente especiais?
De fato, tudo se torna especial quando o espírito reinante é de amor, amizade, companheirismo. É impressionante, porém, formamos uma irmandade que parou no tempo, atravessou o século e se manteve intacta, feito um fóssil fresquinho de história e identificações. Para nós, o tempo avançou numa dimensão, contudo, ficou estático em outra, que estamos retomando a cada novo encontro.
E não podemos parar! Não queremos parar! Achamos a fonte da juventude, a embriaguez do resgate do passado, com a maturidade e a estabilidade da experiência.
Ainda estou digerindo o bolo de afeto e já estou com fome de felicidade!
Calma! Mês que vem tem mais!!!
*****************