Acabei de ler e comentar um texto muito bem escrito, da jornalista Malu Fontes, doutora em Comunicação e Cultura, professora da Facom-UFBA, diretamente do blog Literácia, quando ela comentava acerca da personagem feminina que mais chamou a atenção dos meios de comunicação, desde a posse da primeira mulher brasileira eleita para a Presidência da República - Dilma Roussef.
Ela se referia a MarcelaTemer, mulher de 27 anos, jovem, bonita, formada em Direito e casada com o vice-presidente da República, Michel Temer, homem de 70 anos, o que provocou grande "furor" na mídia e nos sítios de relacionamento.
Houve comentário de todos os lados, pelo fato de ser Marcela uma ex-miss, e da diferença de 43 anos entre ela e o Michel.
É natural que haja uma série de comentários sobre a vice-primeira dama, inclusive alguns com tom bastante grosseiro, tanto proferidos por homens, quanto por mulheres, de todas as idades e classes sociais. Já ouvimos alguns interessantes, até comparando Marcela com a princesa Diana.
Sabe-se que a moça, quando se casou com o Temer, contava com 20 anos, ele com 63 anos, então deputado federal. Há 2 anos tiveram um filho. O que todos se perguntam é se ela teria se casado com ele, se fosse um "joão-ninguém". Isso ninguém nunca vai saber.
O que se conhece é a discrição da moça, sua elegância e porte, e uma chuva de especulações da pior espécie.
A jornalista Malu Fontes comentou que "as mulheres não perdoam Marcela por ela ser jovem, bela e casada com um homem poderoso". Discorre sobre o caso como se se tratasse de inveja. Não sei se é só isso, ou, até mesmo, se é isso. Acredito, inclusive, que tal abordagem seja um tanto superficial. A raiz é muito mais profunda.
A grande mágoa das mulheres é a certeza de que, se fosse o inverso, a mulher setentona seria apedrejada em praça pública pela mídia, receberia a alcunha de ridícula, esclerosada, e outros adjetivos menos educados, de todos e cada um dos brasileiros e brasileiras.
As brasileiras estão acostumadas à beleza das suas estrelas de cinema, teatro e televisão, muitas com idade já avançada, e não se magoariam com a beleza da Marcela.
O que incomoda é o atraso do feminismo no Brasil, e a Marcela simplesmente tornou isso evidente, justo na festa feminina, por ver a primeira mulher subindo a rampa do Planalto.
O que magoa é saber que, caso Dilma Roussef optasse por desposar um homem de 25 anos, seria crucificada por cada vivente deste planeta chamado Brasil.
O preconceito contra a mulher alcança nuanças insuspeitadas, disfarçado de um tal senso moral duvidoso e tendencioso.
Marcela que viva sua vida, que ajude (ou não) seu marido a desempenhar seu papel na política do nosso país, e que seja feliz!
Quanto a nós, mulheres e homens, que entendamos que cada um sabe o que é melhor para sua vida, e que a escolha, num país livre, é direito de cada cidadão.
Vamos aguardar para ver se surge um "primeiro-damo" de 25 anos...
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