Lílian Maial

Basta existir para ser completo - Fernando Pessoa

Meu Diário
19/09/2010 13h13
VOCÊ TEM TIRIRICA NA CABEÇA?
®Lílian Maial
 

Se você, caro leitor, assumiu Tiririca ou similares como opção à falta de opções para candidatos nas próximas eleições, sugiro uma lida nas diretrizes gerais da candidatura de Plínio Arruda Sampaio. Não sou ativista política. Sou cidadã brasileira cansada de promessas não cumpridas, de discursos mirabolantes, de resoluções inviáveis. Cansada de viver esperando o futuro chegar (Brasil, o país do futuro...").

Há algumas semanas, observando candidatos e debates na televisão (que monopoliza sutilmente a opinião pública), tive a oportunidade de assistir ao candidato do PSOL à Presidência da República - Plínio Arruda Sampaio – brigar pela oportunidade de participar dos debates. Foi-lhe negada tal participação, por não ser um dos líderes das pesquisas. Um absurdo, em se tratando de democracia!

A partir desse episódio, comecei a prestar atenção naquele senhor de aparência frágil, mas de comportamento leonino na defesa dos direitos – seus e dos cidadãos brasileiros. O direito de qualquer um de nós podermos pleitear dirigir a nação, pelo simples fato de sermos brasileiros.
Fui buscar informação no sítio (site) do PSOL, e tive a grata surpresa de encontrar, entre suas diretrizes, quase tudo o que penso e sinto em relação à verdadeira democracia e defesa de direitos dos brasileiros como um todo, e não apenas da classe política e empresarial (leia-se: banqueiros).

Começa com um assunto polêmico e um tanto desconfortável, que é a auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado, e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).

Uau! Precisa muita coragem para tamanho desafio!

Lembro de ter assistido aos entrevistadores da TV Globo ridicularizando aquele senhor – que poderia ser pai deles – sem, ao menos, dar-lhe chance de explicação, numa demonstração de onipotência típica dos “globais”.

No entanto, Plínio não pára por aí. Ele defende a reestatização da Vale, em especial de empresas como os Correios e a Petrobrás, além do fim da privatização das florestas, revogação da MP 458, que legaliza a grilagem no campo; desmatamento zero, com apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais. Ou seja, um homem que dá valor ao brasileiro de origem, ao povo que já habitava nosso país antes de nós. Apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas, quilombolas e os territórios de matriz africana; combate ao racismo ambiental.

Uma das bases de sua plataforma de governo é a reforma agrária
, com limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.

Alguns outros pontos são, também, bastante polêmicos, mas não menos dignos de debates populares, sem a velha ironia e descaso com que sempre foram tratados, como: direito de greve, inclusive de servidores públicos, e contra as medidas e projetos que visam precarizar, privatizar e destruir os direitos dos servidores e os serviços públicos; o fim do fator previdenciário e a defesa da previdência pública; a redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim dos bancos de horas.

Defesa do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira e destinação de 10% do PIB para garantir educação pública em todos os níveis.

Fim do modelo de gestão por Organizações Sociais na Saúde e extinção das Fundações privadas na gestão pública; defesa da saúde pública universal, integral e com controle social.

Reforma política com participação popular, baseada no financiamento público exclusivo de campanha.
Defende o fim da criminalização das mulheres que se submetem ao aborto.
É contrário ao racismo, a homofobia e o machismo.

É favorável à democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.

Combate sem tréguas à corrupção institucionalizada no Brasil - defendendo a punição de todos os envolvidos em denúncias de desvios de verbas, cassação de mandatos de parlamentares corruptos, financiamento público exclusivo de campanha.

Enfim, luz no fim do túnel!

Não é uma campanha com promessas de construir nada faraônico, de mudar ou abandonar nada do que vem dando certo, mas de moralizar o que está imoral, de incentivar o que está deixado de lado, de promover igualdade de chances para um povo tão desigual, tão díspar, mas com a “consciência pública” tão democrática...

Não sou politizada, nem filiada a nenhum partido, repito, porém, se ao invés de votar em tipos como o Tiririca, apenas como forma de protesto, lembrando que ele ocupará uma cadeira com direito a decidir a vida do país e dos cidadãos de hoje e de amanhã, por que não investir tanta energia e humor numa possibilidade mais palpável de consertar o que está roto, num país já tão agraciado pela natureza e por seu povo miscigenado, rico de potencialidades e pleno de habilidades?

Por que não deixar de esperar o futuro e partir para a solidificação do presente? Por que não dar uma chance de fazer alguma coisa de mais verdadeira para você mesmo e seus compatriotas?

Não se trata de pedir voto ou fazer a cabeça de ninguém, mas se você é desses que não tem tiririca na cabeça, estude as plataformas de governo dos candidatos, deixando de lado a causa própria e pensando um pouco mais em termos de massa, de país, de democracia.

Afinal, por que você não se candidata? Já pensou nas razões? Nas dificuldades? Pela constituição, qualquer um de nós pode.

Vamos começar? Se não para você, por que não contribuir com alguém que possa e queira, e que defenda ideias semelhantes às suas? A menos que você realmente esteja com Tiririca na cabeça...

 
 
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Publicado por Lílian Maial em 19/09/2010 às 13h13



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