Lílian Maial

Basta existir para ser completo - Fernando Pessoa

Meu Diário
24/04/2010 17h34
DEMOCRACIA PARA POUCOS
®Lílian Maial


 
E nos vemos, mais uma vez, às portas de uma eleição democrática! Do povo, pelo povo, para o povo. Quem dera...

Vimos, para espanto e sobressalto de muitos, um operário chegar à Presidência da República, numa das maiores provas de democracia que já houve no mundo. O povão subiu ao poder sem derramamento de sangue (não naquele momento), sem guerras (a não ser de nervos) e com todo um arsenal de mídia contrário ao então candidato.

Vimos, não sei se por algum tipo de influência remota ou simples coincidência, um negro subir ao poder nos Estados Unidos da América Racista.

Vemos todos os dias, nos jornais, os reflexos de uma crise mundial amplamente prevista e divulgada, e a globalização como força de união nas tomadas de decisão coletivas.

Com tudo isso, vimos hoje um imenso retrocesso, que foi a retirada compulsória da candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República, nas próximas eleições de outubro. O que foi isso? O que isso significa para a democracia? Que tipo de manipulação mesquinha (redundância, pois que toda manipulação é mesquinha por natureza) é essa?

Como podemos chamar de democrática uma eleição de apenas dois candidatos (ou três, sendo que um com chances bem pequenas, basicamente igualando a dois), sem que o povo tenha direito a uma opção mais condizente com seus interesses?

Num país de dimensões continentais como o nosso, as diferenças regionais são consideráveis e fundamentais para o interesse geral da nação. Não podemos ficar cegos ao fato de que cada região tem suas necessidades e seu povo, que luta de maneira bem diferente das outras regiões por sua vida, sua dignidade, seu futuro. Não é justo subtrair desses o direito de verbalizar, através do voto, suas preferências políticas e de avanço social.

O que vimos foi uma laceração da democracia, navalha na carne da construção de um possível Estado de clareza política, para a manutenção da manipulação, do velho e bolorento jogo de poder, do toma lá, dá cá, da sujeira fétida por debaixo dos panos. Ameaças de retirada de apoio, de corte de verbas, de desolação.

Uma lástima para a democracia. Uma perda para a política. Uma nódoa no coração do Brasil.
 
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Publicado por Lílian Maial em 24/04/2010 às 17h34



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