13/06/2008 20h29
O Rio de Janeiro está gerando menos empregos que o resto do país...
Lílian Maial
O Rio está gerando menos empregos que o resto do país. O estado tem quase 50% de seus municípios absolutamente dependentes dos royalties da indústria do petróleo, que emprega muito capital e pouca mão de obra, além de ter vida limitada... E se a fonte secar?
Isso reforça a tese de que somos, cada vez mais, um país de montadores.
Ninguém se preocupa ou investe na criação de tecnologia. No fundo, somos um bando de franquias de gringos, vendendo umas para as outras; um bando de Mc Donald's vendendo cheeseburgers uns para os outros, enquanto a tecnologia dos cheeseburgers vem lá de fora. E o grosso do dinheiro também, porque a parte mais nobre da cadeia produtiva está lá. E o pior é que fica todo mundo feliz porque isso "gera empregos" - oh! Que empregos são esses? Empregos cada vez piores, cada vez mais obtusos, em um país com um nível baixíssimo de educação.
Então vem a pergunta:
- O que podemos fazer, como modificar tal situação?
Quando Lula estava em campanha, ele diagnosticou tudo isso muito bem, num exemplo que deu: o sujeito corta a árvore na Amazônia, sacrifica a floresta, e ainda fica feliz porque ganhou míseros 10 reais. Aí, essa madeira vai virar um móvel de luxo no exterior, e aqueles R$ 10 de árvore passam a valer US$ 5000, ou seja, toda a "agregação" de valor está lá fora.
No entanto, depois de eleito, nada foi feito para mudar o panorama.
Então vem outra pergunta:
- O que fazer a essa altura?
O estado tem que fomentar, de alguma forma, circunstâncias que agreguem valor na cadeia produtiva, e não somente e diretamente o que gere emprego.
Melhorar o ensino, antes de mais nada. Incentivar pesquisas que agreguem valor.
A profissionalização como continuação do estudo. Isso até já tem, como no caso de SENAI, SENAC, etc, porém é uma profissionalização com o intuito de montar kit, e não de desenvolver kits para os outros montarem. Isso é o que dá dinheiro, riqueza, e - como corolário inexorável – empregos. E empregos bons!.
Ora, quem tem emprego bom, tangível, alcançável, não perde tempo assaltando, cheirando cola. "O crime não compensa", diz o velho ditado. Mas se tem muita gente no crime, é porque deve estar compensando.
Quando tem muito assalto em um determinado lugar, a polícia sempre fala que não pode policiar todos os lugares em todas as horas. É necessário e correto desincentivar a criminalidade. É não deixar o crime compensar. Com repressão, é claro, mas com outras opções viáveis, tangíveis, rentáveis.
E como o crime compensa? Porque é melhor, em relação ao imediatismo, do que montar kits para ganhar uma ninharia. Nessas condições, fica difícil manter a ordem social de pé...
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Publicado por Lílian Maial em 13/06/2008 às 20h29