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20/12/2008 14h53
PAPAI NOEL E A CRISE
Papai Noel e a Crise
®Lílian Maial
Concordo com você: o estresse está no ar!
Crise é a palavra do Natal 2008, e acabamos sendo penalizados, tanto física, quanto emocionalmente.
As obrigações de presentear (no meu caso raro, tenho prazer, e escolho o que presenteio de acordo com as pessoas a quem presentear), acabam levando a população ao consumismo exagerado. Até os símbolos natalinos e o que gerou a comemoração do Natal ficaram esquecidos, e muito poucos sabem o porquê da árvore de Natal, do Presépio, de Papai Noel vestido de roupas de frio, e das cores verde e vermelho, rebanhos e pastores em pleno dezembro. Faça um teste agora e veja, na lista que citei, o quanto você sabe sobre o Natal.
Aqui em casa, por exemplo, as crianças não curtem o Natal como símbolo de fé, porque não somos religiosos. Aqui a comemoração se dá porque minha mãe – a matriarca da família – é católica fervorosa (embora não descarte simpatias e não deixe de realizar todas elas à meia-noite), e então a coisa soa como uma historinha mal contada e um hábito incorporado, como uma tentativa de deixa-la mais alegrinha e, a cada ano, eu tento me superar entre surpresas, enfeites e um cardápio para agradar aos paladares mais exigentes da família.
Só que, ao longo dos anos, depois de separação e o falecimento de familiares próximos, o Natal se tornou uma data triste e constrangedora, porque eles eram a graça e o charme da festa, junto com o pobre Jesus.
Aliás, o espírito natalino se tornou um símbolo de reunião da família. Passou a ter mais esse espírito de reunião familiar, do que de comemoração religiosa, e isso virou tormento em famílias desfeitas, quer por separação conjugal, quer por separação imposta pela morte de entes queridos.
Mesmo assim, insisto em montar a árvore, em reunir os filhos e minha mãe, em comprar presentes (na medida de meu parco orçamento) para alegrar os dias que antecedem o tal dia – agora estranho e incompleto – em que se come comidas diferentes do resto do ano e se enfeita a casa com símbolos que nem se sabe o que significam, mas que estão no clima e na moda. Quem não enfeitar a casa com os últimos e mais elaborados enfeites e luzes made in China não está com nada, é um segregado.
Isso tudo sem mencionar o Reveillon, que não deixa de ser uma obrigação de mostrar que estou feliz, quando muitas vezes preferiria ficar em casa sozinha e dormir cedo, mas nem essa opção eu tenho, porque os fogos de artifício espocam barulhentos desde as primeiras horas do dia 31, assustando os cães e as crianças, e lembrando o dia todo que eu sou "obrigada" a curtir Reveillon, mesmo que não curta.
Ah! Vocês devem estar me achando um saco, uma chata!
Sim, talvez esteja mesmo mais melancólica neste ano.
Talvez a dor alheia ainda me comova, e me doa o conhecimento de milhares de desabrigados de enchentes, de milhões de esfomeados e excluídos nos 365 dias e 6 horas do ano, a noção de doentes sem assistência...
Talvez as notícias de criação de mais vagas para vereadores e suas milionárias comitivas, de mais demitidos das fábricas, de mais filhos perdidos por balas não tão perdidas, talvez tudo isso me cause essa melancolia natalina.
Ou não. Pode ser apenas um dia a mais para escrever sobre o que me incomoda o ano todo e tem me incomodado a vida toda: a minha própria inércia.
Que nada! É tudo culpa da crise. Foi ela, foi ela! Ela provocou as chuvas, ela aumentou o dólar e fez cair o preço dos barris de petróleo, ela até foi a culpada pelo futuro não aumento de salário dos funcionários públicos. Por causa dela, até a cor do próximo ano mudou de laranja para azul celeste...
Feliz Natal e Próspero Ano Novo!
E podem apostar que, em 2009, vai ficar tudo azul...
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Publicado por Lílian Maial em 20/12/2008 às 14h53
19/11/2008 20h54
NEGRICE
NEGRICE
Lílian Maial
Papai me chamava carinhosamente de "petinha", que é o jeitinho tatibitáti para "pretinha". Ele já me adivinhava um arco-íris, um caleidoscópio, uma nebulosa.
Cresci incolor, transparente, imperceptível, sem máculas ou nódoas, sentindo na pele apenas o vento a eriçar pelos, ou o sol a dourar a alegria.
Foi quando me deparei com o mundo e essa coisa maluca de dividir em nuanças: claro e escuro, branco e preto, feio e bonito, macho e fêmea.
Bolas! Que diabos! Por que alguém deveria ser separado de outro alguém da mesma espécie, quando seres de espécies diferentes se dão bem? Se o homem possui animais de estimação para quem devota carinho, tempo, atenção e energia, por que não despende cotas semelhantes aos seres humanos que, afinal, são todos iguais na maneira de nascer, no DNA, na constituição física, nas sensações e sentimentos, nos potenciais?
Nunca aceitei discriminação de espécie alguma.
Um absurdo alguém se achar diferente de outro alguém (melhor ou pior), quando por dentro é igualzinho! Posso afiançar que somos todos iguais, eu já vi! Querem ver? Basta assistirem a uma cirurgia em indivíduos de cada região do mundo, e verificar que não dá pra identificar a “raça” por dentro.
Se eu tenho olho azul, não sou diferente de quem tem olho verde, ou castanho, ou preto. Meu olhar, sim, pode ser diferente do seu, do que carregamos em nossos corações.
Meu sangue é vermelho, e se esvai como o seu, numa hemorragia.
Minhas lágrimas são cristalinas como as suas.
Meus dentes são brancos, como os seus.
Meu corpo se deteriora a cada dia, em direção ao prazo estabelecido de validade, como o seu.
A dor da perda não é diferente. O riso da alegria também não. O amor, menos ainda. A esperança, essa é verde e universal.
Então, é por isso que sou negra, como sou amarela, vermelha, azul, violeta, verde, rosa, roxa, marrom, bege, lilás, grená, e todas as cores que o pintor do universo resolveu misturar na aquarela da vida.
Até hoje me lembro da brancura do sorriso de meu pai, e da negritude de seus olhos, que se misturaram no vermelho do meu sangue e na miscigenação do meu coração.
Não tenho cor e sou todas as cores, pois pinto meus dias de liberdade e de amor à vida. Todas as vidas. De todas as cores.
Enquanto houver necessidade de um dia de consciência negra, ou amarela, ou vermelha, ou branca, não haverá paz, e não haverá o verdadeiro amor no mundo.
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Publicado por Lílian Maial em 19/11/2008 às 20h54
05/11/2008 22h26
O POVO AMERICANO GABEIROU!!!
Lílian Maial
É... E a "onda verde" chegou nos Estados Unidos como "onda chocolate". Com a diferença que lá não tem feriado antecipado. Lá o povo se mexeu, acordou, se empenhou na mudança, optou por não se acomodar.
O american way of life ficou ecoando nas cabeças de milhões de norte-americanos, como algo ultrapassado, antigo, bolorento, e resolveram sacudir a poeira, espanar o mofo, e arriscar. A quebra de um dos maiores bancos americanos, há pouco mais de 1 mês, deflagrou uma crise em cadeia, com comprometimento direto na famosa estabilidade ostensiva do povo americano.
A casa própria, o sonho americano, a prepotência e arrogância desabaram, muito provavelmente, junto das torres gêmeas.
Aqueles aviões pilotados por muçulmanos - povo sempre subjugado - deixaram um imenso rombo na AMÉRICA, muito maior que os buracos nos prédios. Atingiram a população em seus cromossomos, diretamente na falsa segurança que os donos-da-cocada-preta costumam ter. Ficou exposto o calcanhar de Aquiles, e algo novo e urgente precisava ser tentado, não mais em forma de guerras, invasões, golpes de estado. Não! O mundo todo está no mesmo barco! Aquecimento global, tecnologia atômica, falta de alimento, superpopulação, economia virtual: todos no mesmo barco. Não se trata de direita ou esquerda, cristão ou ateu, árabe ou judeu, branco ou preto, pobre ou rico. Trata-se da espécie humana! E aí, meus caros, aí a velha cultura da guerra fria, da inteligência, do burreau, dos golpes e do engana o povo, de repente, não servem mais. Nada disso irá restituir a casa própria, o rombo financeiro, a credibilidade e estabilidade da moeda americana. Mais que isso, nada disso irá recuperar a confiança no modo de vida americano.
E aí, quando ninguém poderia supor, surge um homem completamente diferente do estereótipo do político americano, começando pelo fato de ser um afro-descendente, quiçá com ancestrais muçulmanos! E esse homem não promete mundos e fundos, não ataca países pobres, não defende hegemonia mundial, mas apela para que o povo cure suas próprias feridas, recupere a dignidade e a confiança, trabalhando! Sim, trabalhando! Trabalhando, dando o próprio suor, reaprendendo a construir seu futuro, sem necessariamente comprometer o futuro de outos povos ou raças. Um negro ensinando a ser apenas americano.
Vamos torcer para que não venha a ser assassinado, como John F. Kennedy, ou Lutherking. Os tempos são outros, a esperança é verde, e precisa ser, lá também, a última a morrer.
Os brothers Gabeiraram! Botaram pra quebrar, ou melhor, para consertar!
Então que mostrem ao mundo, ao Brasil, que essa onda pega!!!
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Publicado por Lílian Maial em 05/11/2008 às 22h26
22/10/2008 22h06
A ONDA VERDE
A Onda Verde
®Lílian Maial
Como boa carioca, estou atenta à campanha dos dois candidatos do segundo turno das eleições municipais. Conheço bem os problemas da cidade, como cidadã e como profissional da área da Saúde, tão castigada pelos sucessivos cortes e desvios de verba para outras áreas, de acordo com as necessidades políticas e uniões ou desentendimentos entre as três esferas do governo.
Não sou enfronhada na política, o que sei é o que vejo, leio, ouço e pesquiso, porém ninguém pode negar a verdadeira onda verde que vem acontecendo desde que o Fernando Gabeira iniciou campanha.
Ninguém poderia imaginar que um homem com seus antecedentes políticos e sociais de vanguarda tivesse chances de passar para o segundo turno, num país sem memória, e numa cidade com grande parte dos eleitores jovens e, pensava eu, alienados da história da sua cidade e de seu país.
Não sei se pela influência de artistas da televisão, pelo carisma de Gabeira, de sua postura, ou da profunda desesperança com a política tradicional, o que vi foi uma tsunami verde, uma invasão de paz, cidadania, amor ao Rio, solidariedade, ética, educação e doação na campanha dele. De repente, a quantidade de voluntários que se dedicaram à campanha do Gabeira, as ações públicas de solidariedade, como a doação em massa de sangue vermelho dos “verdes” ao HemoRio, que causou uma brancura de sorrisos, trazendo uma aura de humanidade à campanha, distante dos já conhecidos cabos eleitorais profisisonais, da máquina de fazer votos. Não que não haja publicidade, santinhos e panfletos, há, claro que há, porém não é o que marca todo o trabalho do partido e deste, que é o porta-voz do meio-ambiente, tão bem defendido há tantos anos, representante da natureza, da beleza, da elegância na política.
Sim, deveria haver um manual de etiqueta política nas campanhas, onde a educação, gentileza e elegância sobrepujasdsem a maledicência, o oportunismo e as alianças suspeitas.
Gabeira, de uma hora para a outra, plantou a semente da esperança e purificou o ar com sinais de otimismo. Há esperança para o Rio. Há esperança para o país. Há esperança para o homem.
Assim como o mal, o bem contagia, e essa onda verde é do bem, e veio para ficar e fincar raízes na história política do país. Independente de quem ganhe nas urnas, o Rio já ganhou! Ganhou fé nos homens, na política sem politcagem, na verdade e na palavra dita em tom baixo, mas sem baixezas.
Independente do resultado, me deixo banhar na onda verde da candura, da justiça, da sabedoria. E me deixo impregnar da vontade de fazer alguma coisa, de agir, de trabalhar pelo bem comum, de voltar a ter alegria com o meu direito de escolha. Aliás, de voltar a ter uma escolha.
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Publicado por Lílian Maial em 22/10/2008 às 22h06
05/10/2008 17h21
ELEIÇÕES 2008
®Lílian Maial
Hoje é dia de elição para prefeito e vereador.
Todo ano é tudo muito parecido, sendo que, nos últimos anos, com a introdução das urnas eletrônicas, tudo ficou mais ágil: o cidadão pode votar mais rápido e sair para a praia, para o almoço, para a família, ou até mesmo para um bar encher a cara, uma vez que a “lei seca” foi abolida, ao menos aqui no Rio de Janeiro.
Não sei se estou menos otimista ou mais pessimista, mas dei pra confabular com meus botões, e eles me questionaram acerca dessa contagem de votos das urnas eletrônicas, da ausência de imposição da “lei seca”, da rapidez (que é ótima, sem dúvida), porém com uma perguntinha que não se cala: como fazer checagem ou recontagem de votos? E se alguém levantar uma suspeita, como ter certeza?
Não quero parecer antipática ou retrógrada, mas, afinal, não foi idéia minha, e, sim, dos meus botões. Contudo, fico aqui matutando se eles não deixam de ter uma parcela de razão.
Seja como for, este ano percebi algumas diferenças, achei o povo mais apático, menos entusiasmado. Pareceu, a mim, uma situação à que não foi dada a devida importância. Talvez traduza o cansaço da população de tanto tentar e tentar e tentar e não conseguir.
Aí, novamente meus botões me interpelaram: peraí, cansados do quê, se tudo o que precisam está em suas mãos? Cansados do quê, se eles mesmos comandam o país? Cansados do quê, se, na hora de dar opiniões, mobilizar pessoas e idéias, participar, enfim, não estão nem aí?
Até os candidatos, dessa vez, pareciam menos incomodados com a concorrência. As apresentações – salvo raras exceções – foram elegantes, tranqüilas, que chegava a dar vontade de ver todos no poder, juntos, como num britânico parlamento.
Sei lá, mas me deu vontade de ver o Gabeira cuidando de um aspecto, o Eduardo Paes de outro, a Jandira de outro ainda, o Crivella de mais um, o Molon, o Chico Alencar, a Solange, enfim, se cada um assumisse a pasta daquilo que mais se destacou em sua campanha, o Rio de Janeiro teria um governo incrível, com cada um cuidando do aspecto da cidade que mais entende, lutando, todos juntos, para que a cidade voltasse a ser conhecida apenas pelo codinome: M A R A V I L H O S A!
Chato é que, de repente, me dei conta de que estava escrevendo sobre o sonho utópico de cada cidadão, não só da minha cidade, como de todo o país. Mas agora, só nas próximas eleições...
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Publicado por Lílian Maial em 05/10/2008 às 17h21
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